sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Lisboa

A luz fugidia do final de tarde, o crepúsculo vem mais cedo, o verão acabou, e com um silêncio quebrado por alguns carros,  invade a cidade que parece sozinha. A luz fraquinha deixa uma perturbação e uma vaga emoção de tristeza.
Os prédios com cores esbatidas, alinhados e desalinhados, as pessoas que passam apressadas, sem expressão, automatizadas e com destino certo deixam transparecer o sentimento de solidão da cidade. 
As árvores que vão deixando cair as suas folhas que se juntam no chão com papéis e beatas trazem ao pensamento o abandono. Ao longo dos anos nunca percebi o porquê desta tristeza, deste vazio nas ruas da cidade. Cheia de tudo e em nada. 
Lisboa tem em si o turbilhão de todos os sentimentos e como uma pessoa às vezes alegre e maravilhosa, às vezes triste e sozinha. Nem sempre queremos saber da nossa cidade, que está viva. A vida suga-nos sem que possamos olha, escutar e sentir. Os encargos do dia a dia não nos deixam ver, escutar e sentir. 
Da minha janela vejo a ponte e o cristo-rei, às vezes cheia de luz e cheia de cor, às vezes emerge por dentro de uma bruma densa de nevoeiro. Está a chegar o inverno e com ele uma palete de cor mais parda e murcha. 
Lisboa... Viva e sempre cheia de emoções está aqui.

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