sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Escrever

Tenho ganas de escrever. Escrever e não parar. Escrever o que sinto, escrever o que vejo e até disto e daquilo de mim e dos outros. Escrever qualquer coisa e qualquer coisa escrever. Quero pôr em palavras escritas todos os pequenos sentimentos, as grandes memórias, as mais ou menos experiências e até coisas e coisinhas. Quero comecar a dedilhar no teclado sem parar para pensar. Pensar que posso sublimar tudo só com as palavras que me saem dos dedos. Às vezes escuto o silêncio da minha cabeça e o vazio das palavras que podem ser escritas mas que ficam por dizer só deixam o mais por escrever. Mas quando a cabeça não pára, os dedos não param sai um pequeno texto por vezes cheio por vezes vazio.
Não há nada mais que me preencha tanto como escrever. Escrever agora que a doce leitura vai rareando por não conseguir ler as letras pequenas. Temos tanto para contar. Temos tanto para dizer. Temos tanto para saber.
Aqui numa folha branca vamos colocando em preto uma ideias e uns sentires tolos de quem quer passar o tempo a comunicar com o mundo que não vê e não sabe quem escreve e o que escreve.
Escrever para nós e só para nós.

Lisboa

A luz fugidia do final de tarde, o crepúsculo vem mais cedo, o verão acabou, e com um silêncio quebrado por alguns carros,  invade a cidade que parece sozinha. A luz fraquinha deixa uma perturbação e uma vaga emoção de tristeza.
Os prédios com cores esbatidas, alinhados e desalinhados, as pessoas que passam apressadas, sem expressão, automatizadas e com destino certo deixam transparecer o sentimento de solidão da cidade. 
As árvores que vão deixando cair as suas folhas que se juntam no chão com papéis e beatas trazem ao pensamento o abandono. Ao longo dos anos nunca percebi o porquê desta tristeza, deste vazio nas ruas da cidade. Cheia de tudo e em nada. 
Lisboa tem em si o turbilhão de todos os sentimentos e como uma pessoa às vezes alegre e maravilhosa, às vezes triste e sozinha. Nem sempre queremos saber da nossa cidade, que está viva. A vida suga-nos sem que possamos olha, escutar e sentir. Os encargos do dia a dia não nos deixam ver, escutar e sentir. 
Da minha janela vejo a ponte e o cristo-rei, às vezes cheia de luz e cheia de cor, às vezes emerge por dentro de uma bruma densa de nevoeiro. Está a chegar o inverno e com ele uma palete de cor mais parda e murcha. 
Lisboa... Viva e sempre cheia de emoções está aqui.