quarta-feira, 11 de maio de 2016

Chove

Chove torrencialmente. Está tudo pingão e cinzento. Do meu gabinete vejo o Cristo-Rei metido dentro das nuvens cinzentas. Os tons de cinzento escuro estão por todo o lado e a paisagem esconde-se atrás de um nevoeiro que não deixa ver as cores e o desenho dos prédios coloridos de Lisboa. O recorte pequeno do rio Tejo que vejo da minha janela está tão escuro que parece um poço. Este cinzento confunde-se com o meu estado de alma. Entranha-se. Nestes dias que te retalham a alma com traz-me à memória os dias intermináveis da semana chuvosa quando era pequena. Não gosto de pisar as poças de água, molho os sapatos, tenho frio. O frio não te deixa viver, às vezes ver, às vezes sentir aquela brisa de vida que o sol traz. Preciso de ver as cores todos os dias.