domingo, 20 de março de 2022

Queres que fuja?

Lamento mas estou magoada, triste e desiludida. Lamento não conseguir apagar com a borracha o que me fizeste. O que nos fizeste. 
Quando fizeste só pensaste em ti. Nunca pensaste em nós. Agora queres que eu pense em nós e ponha para trás das costas. Agora queres que eu faça de conta que nunca aconteceu. Que nunca fizeste em nome de nós os dois e daquilo que temos. 

Tínhamos quando fizeste? Tínhamos quando foste infiel? 
Tínhamos quando partilhaste a tua intimidade, o teu sorriso, as tuas palavras com outras? Não sei. 

Não consigo pensar. Estou demasiado magoada e não consigo pensar no que temos de bom. Estou tão perplexa com tudo que não estou lúcida. Só consigo estar triste.

Bem sei que o que tínhamos era bom. E por isso ainda falo contigo, ainda te digo  os meus sentimentos, ainda te falo como vivo isto. Tu estás lá. A maior parte das vezes estás lá. Mas já não queres ouvir falar em mais nada. E queres ao teu ritmo de prepotência e arrogância impor o que sinto. 
Queres devolver na mesma proporção a zanga e a mágoa. Mas estás magoado de que? Estás a devolver porque? porque me sinto e te faço ver que estou magoada e zangada? Queres me fazer ver que estou a estragar aquilo que tu já havias estragado e não queres reparar? Queres no fim que o esforço seja meu.  Eu quero ser conquistada outra vez. Mas não quero a parte do arrogante coitadinho. 

Quero o homem que assume e se retrata mil vezes. Milhões de vezes. Como quem reafirma a cada um desses momentos o seu amor. Tu não queres fazer. Tu não sabes fazer.

Mas queres-me ver fazer o contrário. E se eu não souber fazer também?

Estou confusa. Não sei o que quero e como quero. Não sei se quero. A maior parte das vezes apetece-me fugir. A maior parte das vezes quero apagar e não estar. Não quero que isto tenha acontecido e o melhor é saltar. 

O que sinto é isto. E tu já viste ? Será que percebes? Que estou como a água que é segura numa mão? Será que percebes que falta perceber o teu amor. Reiterar o teu amor?

A maior parte das vezes quero fugir. Não quero estar aí. Não acredito. O meu sentido diz-me para não acreditar. Diz-me para fugir.


Queres que fuja? 

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