Todos aceitamos o amor que achamos que merecemos.
Quando percorremos um caminho de busca de algo mais, não será apenas a nossa insatisfação permanente que nos trai de conseguir viver o momento, o evento sem pudor.
Este é um blog de ideias, pensamentos, experiências, opinião, histórias verdadeiras e ficcionadas. Aqui pode aparecer de tudo. É uma editora online sem censura, despretensiosa e simples. O "livro" que faltava escrever para marcar a passagem pela Terra.
domingo, 20 de março de 2022
Queres que fuja?
Lamento mas estou magoada, triste e
desiludida. Lamento não conseguir apagar com a borracha o que me fizeste. O que
nos fizeste.
Quando fizeste só pensaste em ti. Nunca pensaste em nós. Agora
queres que eu pense em nós e ponha para trás das costas. Agora queres que eu
faça de conta que nunca aconteceu. Que nunca fizeste em nome de nós os dois e
daquilo que temos.
Tínhamos quando fizeste? Tínhamos quando foste infiel?
Tínhamos quando partilhaste a tua intimidade, o teu sorriso, as tuas palavras
com outras? Não sei.
Não consigo pensar. Estou demasiado magoada e não consigo
pensar no que temos de bom. Estou tão perplexa com tudo que não estou lúcida.
Só consigo estar triste.
Bem sei que o que tínhamos era bom. E
por isso ainda falo contigo, ainda te digo
os meus sentimentos, ainda te falo como vivo isto. Tu estás lá. A maior
parte das vezes estás lá. Mas já não queres ouvir falar em mais nada. E queres
ao teu ritmo de prepotência e arrogância impor o que sinto.
Queres devolver na
mesma proporção a zanga e a mágoa. Mas estás magoado de que? Estás a devolver
porque? porque me sinto e te faço ver que estou magoada e zangada? Queres me fazer ver que estou a estragar aquilo que tu já havias
estragado e não queres reparar? Queres no fim que o esforço seja meu. Eu quero ser conquistada outra vez. Mas não
quero a parte do arrogante coitadinho.
Quero o homem que assume e se retrata
mil vezes. Milhões de vezes. Como quem reafirma a cada um desses momentos o seu
amor. Tu não queres fazer. Tu não sabes fazer.
Mas queres-me ver fazer o contrário. E se eu não souber fazer também?
Estou confusa. Não sei o que quero e
como quero. Não sei se quero. A maior parte das vezes apetece-me fugir. A maior
parte das vezes quero apagar e não estar. Não quero que isto tenha acontecido e
o melhor é saltar.
O que sinto é isto. E tu já viste ? Será que percebes? Que
estou como a água que é segura numa mão? Será que percebes que falta perceber o
teu amor. Reiterar o teu amor?
A maior parte das vezes quero fugir. Não
quero estar aí. Não acredito. O meu sentido diz-me para não acreditar. Diz-me
para fugir.
Queres que fuja?
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